‘Vamos trabalhar sem saber se voltaremos para casa’: como brasileiros são afetados pela política anti-imigração nos EUA
17/07/2025
(Foto: Reprodução) Anti-imigração nos EUA - Edição de 15/07/2025
A nova onda de endurecimento da política anti-imigração nos Estados Unidos tem mudado drasticamente a vida de milhares de brasileiros. Desde a posse de Donald Trump, o número de prisões diárias saltou de 300 para 1.200, com meta de chegar a 3 mil.
O Profissão Repórter esteve em quatro cidades americanas para retratar, de perto, o impacto dessas medidas. Veja a íntegra do programa no vídeo acima.
Deportados sem aviso
Alisdete e a família são do interior de Minas Gerais. Eles viviam há três anos no Estados Unidos, onde tinham uma empresa de construção civil. Eles entraram pelo México e ainda aguardavam a decisão do pedido de asilo quando foram deportados.
“Fomos deportados só com a roupa do corpo, sem dinheiro, sem nada”, contou.
Mesmo após gastar cerca de 15 mil dólares com advogados, a família foi surpreendida pela deportação.
“Todas as cortes eu compareci, compareci tudo da maneira que eles pedem nos Estados Unidos, mas, em seguida, a gente já começou a gastar muito com advogado, gastei 15 mil dólares com advogado, mas para manter legal, mas chega um certo tempo que você não consegue mais guardar esse dinheiro”.
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Reprodução
'A tensão é permanente'
Gilderlei, pedreiro em Massachusetts, vive há cinco anos nos EUA. Ele relata o medo constante de ser preso.
“A tensão é permanente. Infelizmente, a gente sai para trabalhar, mas não sabe se vai voltar para casa”, disse.
Sonho interrompido
Fernando, bailarino com mais de 10 anos de carreira nos EUA, teve o visto negado mesmo com convite para integrar a renomada Escola de Balé do Harlem. De volta ao Brasil, ele tenta manter a forma em casa, longe das condições ideais.
“Essa carreira é curta, e pode ser que a gente não consiga mais voltar”, lamenta sua mãe.
Prisão no Dia dos Pais
Conhecido como o “Cowboy de Rondônia”, um brasileiro foi preso por agentes do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândega) enquanto trabalhava em sua fazenda. Ele a família vivem nos Estados Unidos cerca de 20 anos e mantém uma plantação na região Framingham.
“Faz 10 dias que estou preso. Fui preso no Dia dos Pais aqui nos Estados Unidos. Um presentão que eu ganhei”, ironizou.
Sua esposa agora cuida do rancho sozinha e relata o medo que tomou conta da comunidade.
"A gente nunca tinha visto o que está acontecendo agora. Esse ano está muito difícil, está muito complicado. Na hora que eles levaram ele, eu travei, porque eu não imaginava ver ele passando por aquilo".
Jovem detido a caminho da escola
Marcelo, de 18 anos, foi abordado por três carros da imigração a caminho da escola, onde jogaria vôlei.
“Eu pensei que tinha cometido um crime. Fiquei seis dias preso, sem poder tomar banho, com mais de 30 homens em uma cela”, contou.
Seu treinador, Andrey, lamenta:
“São jovens incríveis. Isso muda toda a nossa visão sobre o que está acontecendo”.
Comércio brasileiro em queda
Em Framingham (MA), cidade com cerca de 8 mil brasileiros, o comércio local sente os efeitos da repressão.
“Tem semana que some todo mundo. O movimento caiu 40%”, relatou uma comerciante.
A deputada estadual Priscila Sousa, brasileira eleita em Massachusetts, acompanha de perto a situação.
“O povo está sendo caçado”, afirmou.
Protestos e resistência
Em Los Angeles, manifestantes tomaram as ruas contra as ações do ICE. Filha de imigrantes mexicanos, uma jovem declarou:
“Somos uma comunidade unida. Não vamos deixar isso continuar”.
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